Finais
julho 14, 2017
“Para de ser trouxa, menina, vai viver a tua vida. Deixa ele pra lá, ele não te merece!”, disse alguém tentando animar a amiga que acabou de sair de um relacionamento de anos. Não. Não é bem assim. Todos sabemos, ou viremos a saber um dia.
Uma das piores situações da vida é o ainda querer estar com a pessoa na qual você dedicou seu tempo e passou momentos que nunca vão sair da sua lembrança, e esse alguém agir como se hoje nem te reconhecesse mais, como se anos juntos nunca tivessem existido, como se lembranças fossem descartáveis, como se tudo o que foi vivido tivesse a mesma fragilidade de um laço sendo cortado.
É quase impossível lidar com términos de forma natural quando há amor em jogo. O amor te deixa irracional e te impulsiona a fazer coisas que antes tu abominavas. Ele te deixa sem chão. Te faz sofrer ao ponto de te sufocar. E sufoca mesmo. Daqueles sufocos em que o peito aperta e chorar já não é o suficiente para aliviar. O amor é um cão.
Quem nunca sofreu por amor não é mesmo? Quando não é com a gente é poético, é bonito. Quando somos nós a sofrer, parece que estamos presos em um filme preto e branco e a vida nunca mais vai ter cor. Os dias de sol incomodam e casais felizes te fazem lembrar de todos os planos que nunca serão realizados. Não porque você desistiu de amar, mas porque era com aquela pessoa que você planejou, e hoje ela não passa de um alguém qualquer a fingir que nunca participou da sua vida.
Esses finais são tristes. Eles vem sem aviso ou despedidas. É quase como a morte. Não tem hora marcada, apenas acontecem.
Como diria Carpinejar, “Quem ama sofre. E sofre. E não desiste e se arrebenta de existir.”, mas chega uma hora em que se faz necessário dar um chega pra lá no sentimento de vazio que ficou daquele amor que só você manteve.
Um dos piores pontos finais que devemos por, é no sentimento. É um ponto que maltrata sem dó, mas as vezes se faz necessário para começarmos um novo parágrafo.
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