Sabe quando você sabe onde está, mas se sente perdido? Quando ao seu redor está cheio de gente, mas é como se você estivesse sozinho? Quando cada certeza que você tinha se desfaz em instantes? É complicado. Num momento as coisas são de um jeito, mas logo tudo muda. Tudo é tão inconstante. A vida é tão inconstante.

Estamos ouvindo nossa banda favorita e de repente morremos. Morremos sem uma data definida, sem dar adeus, sem comer aquele pedaço de bolo que guardamos pra mais tarde, sem ir àquela festa que já tínhamos comprado o ingresso. Morremos. Simplesmente morremos.

E a pior morte não é aquela em que o coração para de bater, é a de quando ele continua pulsando mas nós só existimos ao invés de viver. Essa é a forma mais triste de morrer. É se ausentar da vida quando ainda se tem tudo para continuar vivendo.

Tarde ensolarada lá fora

Piledriver Waltz de fundo

Vários quilômetros de distância

E ainda assim meu corpo repousa no teu

É, menino dos olhos verdes

Parece que é todo teu

O crédito dessa minha desatenção em tudo

Parece que é a você que pertencem meus pensamentos

É você quem domina cada músculo e neurônio em mim

Criei aqui uma caixinha com todas as tuas lembranças

Com todos os teus cheiros

Guardei todos os teus sorrisos

E cada gesto teu

Que é pra quando a saudade apertar,

Te ter aqui comigo.

Noite de sábado acompanhada de um copo de chá gelado e da fiel solidão. Provavelmente será mais uma madrugada daquelas. E quando digo daquelas é porque já escrevi a respeito e também porque dá pra imaginar só pelo fato do grifo na palavra. São 00:06 no relógio, estou ouvindo The Killers e pensando (nele, em nós, em tudo que poderia ter dado certo e não deu), como já virou rotina.

Passaram-se dias, mas continua difícil estar aqui. Pra falar a verdade, continua difícil estar. Sabe quando tu achas que a tua existência não muda a ordem de nada, que simplesmente não faz diferença?

É meio depressivo estar escrevendo tudo num blog, quando se tem 19 anos e deveria estar na balada com os amigos. Acabou de ficar mais depressivo ainda porque a minha playlist resolveu que é hora de tocar Here with me. 

Uma pergunta que sempre solto no ar e deixo vagando é se é justo amar alguém e não poder estar com essa pessoa. Pra onde tu olhar vai ter um casal que tá junto só por conveniência, ou por qualquer outro motivo. Por que será que essas coisas acontecem? Por que não podemos estar com quem amamos? Por que a vida prega essas peças na gente? Por que? 

Há uma infinidade de por quês na minha mente e talvez eu nunca descubra a resposta pra eles.

É complicado tentar organizar a bagunça que está dentro de mim nestes últimos meses. Não consigo colocar cada sentimento na sua devida gaveta e acaba ficando tudo misturado e confuso. Estou como um quarto de adolescente rebelde, que além de bagunçado está escuro.

Notei que tenho afastado pessoas. Algumas dessas pessoas são, ou costumavam ser, minhas melhores amigas. Fiz isso por que não aguento vê-las me perguntando como andam as coisas. Não quero ter que explicar que meu interior está uma bagunça completa e que não sei o que estou fazendo. Não quero ter que explicar que a cada dia se apaga uma luz neste quarto, e que as gavetas estão cada vez mais bagunçadas.

Madrugada chega e trás consigo todos os fantasmas que passo o dia evitando. Trás todo o vazio e angústia que ficou quando você decidiu que era hora de partir. Não te culpo por nada, não te julgo ou o difamo aos quatro ventos. Não é sua culpa, não é minha, não é nossa. A ferida está aberta, e sangra noite após noite. Não há curativo. Não há nada além do tempo para curá-la. E ainda que cure, ficará uma cicatriz que jamais vai desaparecer.

Toda madrugada é uma tortura. É como se alguém sugasse todo o ar, e eu simplesmente não conseguisse respirar. É como andar no escuro. Como se o chão não estivesse sob meus pés. Madrugada é sinônimo de saudade. É querer quem já não posso mais. É ser triste por um futuro meticulosamente planejado que não vai chegar. É ser feliz nas lembranças. É dolorida partida sem um adeus.

Lágrimas insistem em dançar na minha face sempre que brinco de passado. E brinco mesmo. Lembro do que já aconteceu. Invento o que nunca acontecerá. Reinvento o que aconteceu e queria que tivesse sido diferente.

Queria tanto encontrar a lâmpada do gênio. Um desejo só bastaria. Você. Onde foi que perdemos um ao outro? Onde foi que os nossos caminhos deixaram de se cruzar? Onde o nós passou a ser eu e você? Um dia acreditei que nunca mais usaria as madrugadas para chorar. Acreditei que tu seria aquele que secaria cada lágrima que eu deixasse cair. Mas ao contrário, és o motivo de cada uma delas.

Queria te pedir mais uma vez para não desistir de tudo, mas não tenho mais forças pra insistir. Deus sabe o quanto eu quero um nós, mas querer sozinha não é suficiente. Espero com todas as forças um dia rir disso tudo. Espero não ter que escrever minha dor para amenizar o aperto no peito. Espero que um dia  as madrugadas sejam para dormir ao invés de chorar.